As "aberrações" do tempo. 2ª Parte - Mistérios do Universo

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7 de dezembro de 2016

As "aberrações" do tempo. 2ª Parte

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Nesta segunda parte sobre as “aberrações do tempo”, pretendo demonstrar, baseado apenas na relatividade de Einstein, que o tempo no Universo não é único e que para determinados observadores, ele não existe. Gostaria apenas de fazer um adendo, caro leitor, à primeira parte sobre este tema. Note-se que a inexistência do tempo para um Fóton é o que o caracteriza como partícula-onda, ou melhor, é o que “faz” da radiação eletromagnética uma onda. Talvez os físicos devessem observar mais atentamente este fato.  
Então, vamos lá novamente...
Segundo a Relatividade, a massa de um corpo “deforma” o espaço-tempo. Este fato, já comprovado através de medições sobre as posições relativas de estrelas (onde deveriam estar e onde realmente estão) com relação ao Sol através de eclipses solares já não é novidade alguma. A experimentação comprova: o Sol deforma o espaço-tempo como uma bola de ferro deforma um tecido esticado.
Nenhuma novidade até agora, correto?
Mas vamos imaginar que vivemos na superfície do Sol. Possível? Não com a tecnologia de que dispomos, mas não chega a ser impossível. Então, neste caso, estaríamos sendo submetidos a uma gravidade 28 vezes maior que a gravidade na superfície terrestre. O leitor pode se perguntar: como? Se o Sol possui 333 mil vezes a massa da Terra? (O campo gravitacional do Sol é 333 mil vezes maior que o terrestre). Simples: a gravidade na superfície do Sol é definida pela distância de que estamos do centro do mesmo, isto é, o Sol possui um diâmetro de aproximadamente 1 milhão e 332 mil quilômetros, sendo seu raio de aproximadamente 665 mil quilômetros. A gravidade na superfície de qualquer corpo é definida pela massa do corpo, neste caso, o Sol, e a distância do centro ou raio do corpo. Para comparar então: na Terra, definimos a gravidade com sendo 1g estando a uma distância de 6370 quilômetros do centro.  Imagine então, se nos afastarmos da Terra para 665 mil quilômetros de seu centro. Como a gravidade (peso) é inversamente proporcional ao quadrado da distância do objeto, estando a 665 mil quilômetros da Terra, dividimos a diferença para gravidade de 1g, ou seja, o raio Terrestre (665 mil / 6370 = 104,70 raios terrestres) elevamos ao quadrado (104,70*104,70 = 10962) e dividimos a gravidade de 1g por este valor para obter a gravidade nesta distância da Terra: aproximadamente 0,00009122g, ou, quase nada... Multiplicando ainda este valor pela massa do Sol, você terá que a gravidade à esta distância do centro do Sol seria de aproximadamente 30g (Essa diferença ocorre pelo arredondamento de certos valores e pela ação centrífuga do Sol). Em resumo, o campo gravitacional do Sol é imenso, mas a gravidade em sua superfície não é tão relevante.

Mas, vamos fazer o seguinte: vamos fazer toda a massa do Sol ser comprimida para o volume da Terra. Neste caso, o processo é contrário. Se, na superfície ou fotosfera a gravidade é 28g, como ela ficaria se o Sol fosse comprimido ao nível da Terra? Simples: é só multiplicar 28 por 10962 (quadrado da razão entre o raio das esferas) e temos: 306936g, ou 307 mil vezes a gravidade em solo da Terra. Observação importante: o campo gravitacional depende apenas da massa, independentemente do volume que ocupa, ou seja, o campo gravitacional do Sol não mudou de tamanho.

Em uma gravidade tão grande, certas coisas bizarras começam a acontecer com o “tempo”. O tempo começa a seguir mais lentamente na superfície do nosso Sol hipotético. No entanto, se você estivesse na superfície, caro leitor, não notaria nada diferente, pois este é o “seu tempo”.  Neste caso, é como se velocidade da luz fosse afetada em 1% (3069 km/s – 306936 m/s2 transformados em Km/s2). Mas isso não ocorre porque a velocidade da luz é imutável segundo a Relatividade. Ocorre que o tempo é afetado em 1%, ou seja, ele passa a ser 1% mais lento que na superfície da Terra. Faça as contas: um ano na superfície deste Sol imaginário seria, para quem observa da Terra, o equivalente à 365 dias + 3 dias. Para quem vive na superfície de nosso Sol experimental, o ano continuaria sendo de 365 dias. Bizarro não?
Isso significa o seguinte, caro leitor. Não existe tempo “único” no Universo. Por bilionésimos de segundo, o tempo na Terra é diferente do tempo em Marte ou em Júpiter. No caso de estrelas massivas colapsadas, como anãs brancas, a diferença chega a horas para cada dia na Terra. Em estrelas ultradensas como “estrelas de Nêutrons” ou Pulsares, a diferença chega à dias para cada hora na Terra. E para estrelas extremas, colapsadas como “buracos Negos”, não existe comparação. Nelas o tempo simplesmente não existe.
Como assim? O tempo não existe em buracos negros?
Exatamente. E quanto mais perto deles chegamos, mais o tempo se “dilata”. Quem viu o filme interestelar (que está correto neste aspecto) viu o que de fato ocorre próximo a um buraco negro. Não é ficção. É relatividade comprovada.
Mas, vamos tentar avaliar de outra maneira...
Se o tempo não é “único”, para algo que vive próximo a um buraco negro o Universo tem 14,7 bilhões de anos?  Resposta: não! Porque sua contagem de tempo não é igual à nossa.
E dentro de um buraco negro?
Pois é... Dentro de um buraco negro, futuro e passado são a mesma coisa. “Especulando”, é possível inferir que para um buraco negro, o Big Bang sequer existiu e que toda a nossa realidade não é “real”.
Então se a natureza do tempo é mutável conforme o observador (Relatividade), assim como a natureza de um elétron (Mecânica quântica – Principio da incerteza) também o é, o que é afinal a realidade?
Se o tempo define a realidade e ele não é absoluto e uniforme no Universo, ele existe de fato ou é uma questão de percepção de infinitas realidades?
Seguiremos em breve com um terceiro ensaio reiterando que este artigo visa apenas estimular a curiosidade e não possui a pretensão de ser uma verdade absoluta, mas ele é validado e embasado na ciência real. Não se trata, em absoluto, de “achismo” ou pseudociência. As perguntas e os experimentos são especulativos na medida em que não sabemos tudo sobre a natureza. Então as especulações são válidas.

Marco Aurélio Riesemberg Hundsdorfer
Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)-Paraná  (2017).
Formado em Licenciatura em Geografia (UEPG) (2014).
Pós graduado em Metodologia do Ensino Superior(UEPG) (1997).
Bacharel em Processamento de Dados (1989).
Astrônomo amador(SEMPRE).




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