O mundo acordou nesta quarta-feira com razões de sobra para preocupações. A análise dos sismogramas de um evento de 5,1 magnitudes detectado na Coréia do Norte mostrou que não se tratava de simples abalo sísmico, mas do sinal indisfarçável da explosão de uma poderosa bomba de hidrogênio.
mapa mostra a localização de onde foi realizado o teste nuclear norte-coreano
O teste nuclear ocorreu às 23h30 BRST (10:30 da manhã local de quarta-feira) e de acordo com a rede global de sismologia IRIS, foi localizado a 21 km ao leste-nordeste de Sungjibaegam, no leste da Coréia do Norte, a menos de 1 km de profundidade.
A explosão gerou uma poderosa onda mecânica que foi detectada por diversos sismógrafos ao redor do mundo, que revelaram formas de ondas características da detonação de um artefato explosivo. Mais tarde, a agência oficial de notícias confirmou o teste, enaltecendo a conquista do povo norte-coreano.
Esta não é a primeira vez que o país de Kim Jong Un realiza testes nucleares, mas os artefatos eram armas de fissão, que liberam energia pelo rompimento do núcleo dos átomos de urânio, uma tecnologia considerada ultrapassada desde a Segunda Guerra mundial.
Sismogramas da explosão nuclear feito pela Coréia do norte em 6 de janeiro de 2016
O teste atual - baseado na fusão nuclear - vai muito além em termos de desenvolvimento. As bombas de hidrogênio, ou Bomba-H, produzem detonações absurdamente maiores que as bombas de fissão e liberam sua energia através da fusão dos átomos de hidrogênio, exatamente como acontece no interior do Sol.
O teste de 5 de janeiro causou a convocação do Conselho de Segurança da ONU. De acordo com especialistas em segurança, a Coréia do Norte tem capacidade balística para levar ogivas deste tipo a mais de 9 mil km de distância,
Explosões e terremotos
Embora os registros sismográficos pareçam confusos à primeira vista, uma análise mais detalhada pode revelar sinais que permitem identificar uma explosão de qualquer tipo de um terremoto.
Comparação entre sismogramas de uma explosão nuclear e um terremoto
Para se ter uma ideia, uma explosão nuclear produz cerca de 70 assinaturas típicas, enquanto um terremoto gera mais de 200 sinais diferentes. Muitas vezes as nuances são tão débeis que somente o emprego de supercomputadores permite uma análise mais refinada.
No entanto, algumas diferenças são bem marcantes, pois a forma como a energia é liberada também é diferente. Enquanto uma bomba libera toda a energia em apenas uma fração de segundo, um terremoto o faz de forma muito mais lenta, que pode variar entre 1 ou dezenas de segundos. Além disso, detonações ocorrem a poucos metros da superfície, enquanto terremotos acontecem a muitos quilômetros de profundidade.
Diferente de um terremoto, uma explosão produz um distúrbio mecânico perfeitamente esférico que faz propagar as ondas do tipo P de forma extremamente eficiente. Os terremotos, ao contrário, excitam os movimentos transversos com muito mais facilidade, permitindo que as ondas do tipo S viajem com muito mais intensidade.
Essas características primárias típicas fazem com que os registros sismográficos sejam diferentes. Enquanto os terremotos apresentam ondas "P" pequenas e ondas "S" muito maiores, as explosões revelam ondas "P" muito maiores que as ondas "S", como podemos ver no diagrama acima. Além disso, o tempo do tremor causado por uma explosão é muito menor que o de um terremoto típico.
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