Para
você, caro leitor, que anda acompanhando as publicações sobre as “aberrações do
tempo”, hoje, pretendo demonstrar através de outro experimento teórico, como
tempo que reconhecemos como “passado“ é tão ou mais “incerto” que o futuro.
Para
isso, utilizarei o conceito teórico do buraco de minhoca que é, na realidade,
um conceito amplamente difundido entre físicos teóricos, entre os quais, Kip Thorne, que elaborou a possibilidade da criação e
utilização do mesmo para Carl Sagan no seu livro “Contato”.
Não vou entrar em detalhes de “como” se cria um “buraco de
minhoca”. Vou apenas conceitua-lo no sentido de que tal “buraco” é um buraco no
espaço-tempo e permite, dentre outras coisas, viajar além da velocidade da luz no
que podemos denominar de “Hiper-Espaço”.
Em outras palavras, “buracos de minhoca” conectam partes do
espaço longínquo ente si, permitindo, por exemplo, que se possa viajar daqui à
Galáxia de Andrômeda, há mais de 2 milhões de anos luz de distancia em apenas
segundos, desde que existam uma entrada/saída aqui e outra em Andrômeda.
Pode-se pensar que este é apenas um conceito teórico. Mas
muitas explicações físicas podem ser feitas através dos “buracos de minhoca”
subatômicos. Por exemplo, o paradoxo das partículas gêmeas, que não importando
a distância entre as mesmas, quando a “condição” de uma muda, a outra muda
instantaneamente, não importando onde elas estejam no Universo, violando a
velocidade da luz. Ou ainda explica como um elétron “some” de uma camada e
“aparece” em outra, sem passar pelo “espaço” entre as duas camadas eletrônicas
do átomo. Pode-se dizer que estas “partículas” subatômicas ou estão ligadas por
“buracos de minhoca” ou passam por eles, deixando de existir em nosso
espaço-tempo ou estando permanentemente ligadas por ele.
Mas claro...
Isso é apenas uma dentre
muitas hipóteses.
No nosso caso, vamos partir
de uma experiência que foi amplamente divulgada pela revista
“Superinteressante” na década de 1990. Vamos supor que criamos um “buraco de
minhoca” ou um furo no espaço-tempo artificial. Como? Perguntem ao Kip Thorne
(ele tem até uma ideia de “como” criar este tipo de experimento). Este “buraco”
tem uma entrada e uma saída (e vice-versa).
Vamos chamar uma
entrada/saída de “A” e outra de “B”. Ambas estão no mesmo tempo, isto é estão
sincronizadas e estão, digamos, a um metro de distância uma da outra. O que
acontece se eu colocar o meu braço em “A” ou “B”?
A princípio vai soar
“estranho”, mas quando eu colocar meu braço em “A”, digamos, vou vê-lo aparecer
em “B” há um metro de distância e não vou ver nada no “caminho”. Vai parecer um
truque de “mágica”, muito parecido com o da mulher serrada ao meio. Mas não é
um truque de mágica. Ocorre que quando meu braço entrar no buraco de minhoca,
ele vai “pular” o espaço (no Hiper-Espaço) e vai aparecer normalmente do outro
lado.
Incrível, não é? É como uma
partícula gêmea. Se eu mover minha mão, será instantâneo, mesmo que a minha mão
estivesse na distância de Andrômeda.
Mas o mais incrível não é
isso...
Digamos que eu tenha uma
nave espacial capaz de viajar à 99,999999999% da velocidade da luz. Digamos que
eu coloque o lado “B” em uma caixa, e o leve para um passeio a esta velocidade
durante 1 minuto (tempo da terra – quase instantâneo para “B”). Lembram-se que
quando mais perto da velocidade da luz, mais “lento” o tempo fica para o
observador (nesta caso, quem ficou na Terra), mas que para o viajante a viagem
foi quase instantânea? O que ocorre então?
Bom...
Primeiro vamos estabelecer o
observador.
Nós, neste caso, eu e você,
leitor, ficamos na Terra e a viagem da nave foi automática.
Digamos que o horário de
partida da nave foi exatamente às 13:00 hrs.
Depois da viagem eu trouxe o
lado “B” de volta à um metro de distância de “A” em meu laboratório hipotético.
Até aí, tudo bem, certo?
Ocorre que “B” está
dessincronizado no tempo com “A”. Por ter viajado tão próximo da velocidade da
luz, “B” não passou por aquele minuto de “A”. De certa forma, para “B” não
passou tempo algum enquanto que para “A” se passou 1 minuto.
Para nós e para “A”
passou-se 1 minuto, então, para nós, já é 13:01 hrs.
Para “B” não houve tempo
algum. “B” ainda esta nas 13:00 hrs.
Então estamos um minuto no
futuro de “B” ou “B” esta um minuto no passado de “A”.
Confuso?
Eu explico...
Por exemplo: se eu colocar o
meu braço em “A” às 13:01 hrs, este só irá “aparecer” em “B” um minuto depois
ou até o relógio de “B” chegar as 13:01 hrs.
Até ai, da para “engolir” o
experimento, certo?
O nó na sua cabeça vira na
seguinte situação: quando eu coloco meu braço em “A”.
Se eu colocar meu braço em
“A”, às 13:01 hrs eu TERIA QUE TER VISTO meu próprio braço sair em “B” às 13:00
hrs, mas não vi. O experimento sequer tinha começado. Então onde foi parar meu
braço? Resposta: às 13:00 hrs de um passado alternativo em que vi meu braço
sair por “B”, ou seja, existem dois passados possíveis. O meu e o de outro “eu”
que viu o que não vi.
Em síntese: o passado é tão
imprevisível quanto o futuro.
Pior:
Se eu colocar o meu braço em
“A” às 13:01 hrs, este só irá “aparecer” em “B” um minuto depois ou até o
relógio de “B” chegar as 13:01 hrs, certo? Mas, se eu retirar meu braço de “A”,
eu até posso dar a volta no experimento e me cumprimentar em “B”, pois estou
cumprimentando meu eu do passado. Mas, se seu fizer isso, eu já não deveria ter
sentido que me cumprimentei em “A”? E se não senti? O que aconteceu?
Novamente outro paradoxo.
Aparentemente passado e
futuro são a mesma coisa neste experimento. Duas possibilidades para o futuro,
que neste caso são: eu sentir o aperto de mão e eu não sentir o aperto de mão
(dois universos distintos), e duas possibilidades para o passado. A mão do futuro apareceu e não apareceu
(novamente dois universos distintos)
Por que digo Universos
distintos?
Porque em ambos os casos a
massa do Universo se altera. Minimamente, é claro, mas o suficiente para
altera-lo criando duas ou até mais realidades (se eu fizer ambos os
experimentos). Então a questão novamente é: o que é real? Existem outros “eus”
neste multiuniverso ou o tempo é somente uma ilusão para uma realidade ainda
maior?
Se cada decisão que tomo
divide o Universo, o tempo não pode ser linear. Pior: podemos voltar ao
passado, sim. Mas nunca ao NOSSO passado e sim um passado que se altera quando
lá chegamos.
Então, se você pensou em
criar uma “maquina do tempo” para voltar uma semana ao passado e ver quais os
números da “mega-sena” serão sorteados, sinto muito informar, mas os números,
devido à sua simples presença, não serão os mesmos.
Este ensaio determina que o
“paradoxo do avô”, em que você volta no tempo e mata seu avo, deixando de
existir por isso, na realidade não ocorre.
Você pode viajar no tempo,
matar seu avô e criar uma linha alternativa no tempo. Se você voltar pelo
“buraco de minhoca”, nada mudou. Seu avô morreu bem velhinho. Mas, se você
fechar e tentar reabrir o “buraco de minhoca” para voltar ao seu presente, este
sim, pode estar totalmente modificado e você ainda vai existir, porém, sem avô
ou pais...
Seguiremos
em breve com um quarto ensaio reiterando que este artigo visa apenas estimular
a curiosidade e não possui a pretensão de ser uma verdade absoluta, mas ele
é validado e embasado na ciência real. Não se trata, em absoluto, de “achismo”
ou pseudociência. As perguntas e os experimentos são especulativos na medida em
que não sabemos tudo sobre a natureza. Então as especulações são válidas.
Marco Aurélio
Riesemberg Hundsdorfer
Mestrando em
Geografia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)-Paraná (2017).
Formado em
Licenciatura em Geografia (UEPG) (2014).
Pós graduado em
Metodologia do Ensino Superior(UEPG) (1997).
Bacharel em
Processamento de Dados (1989).
Astrônomo
amador(SEMPRE).
e-mail:
[email protected]