Para alguns astrônomos amadores, o próximo eclipse solar total em 21 de agosto, que será parcial em algumas partes do Brasil, é mais do que apenas uma chance de ter uma visão rara do fenômeno, particularmente para os que moram nos Estados Unidos. É também uma oportunidade para duplicar um dos experimentos mais famosos do século 20, no qual o astrofísico Arthur Eddington realizou em uma tentativa de provar que a luz poderia ser dobrada pela força da gravidade, um princípio central da teoria da teoria geral de Albert Einstein.
Astrônomo amador Don Bruns está entre aqueles que desejam voltar a fazer o experimento. "Eu pensei nisso há dois anos. Eu pensei, e certamente, outras pessoas fizeram o mesmo", disse ele á Live Science. "Mas ninguém tinha feito isso desde 1973", disse Bruns, se referindo ao experimento feito por uma equipe da Universidade do Texas no eclipse solar em 30 de junho daquele ano, ocorrido na Mauritânia.
O grupo teve problemas técnicos e não pôde confirmar os resultados de Eddington com muita precisão. Outras tentativas - tais como as do eclipse em 25 de fevereiro de 1952, em Cartum feitas pela Sociedade National Geographic - se saíram um pouco melhor.
Em 1915, Einstein publicou sua teoria da relatividade geral, que afirma que a luz dobra em torno de objetos maciços porque o espaço em si torna-se curvo em torno de tais objetos. Uma oportunidade para testar a teoria veio alguns anos mais tarde, quando um eclipse solar total obscureceu o céu em 29 maio de 1919.
Para o eclipse de 1919, Eddington liderou uma expedição para medir a deflexão da luz de estrelas perto do sol no céu. Observando do Brasil e da África, simultaneamente, Eddington e seus colegas observaram que a posição das estrelas próximas ao disco solar desviaram por uma pequena quantidade de suas posições catalogadas normalmente, concordando com os 1,75 segundos de arco previstos (ou 0,00049 graus). O anúncio de que o experimento foi um sucesso fez Einstein famoso.
Mas análises posteriores de dados de Eddington pareciam sugerir que a confirmação do astrofísico não pode ter sido o "gol de placa" que ele pensou que era. Bruns disse que o debate em torno dos dados de Eddington é por que ele quer fazer a experiência novamente.
"Dentre todas estas experiências, a melhor que consegui foi talvez com 10 por cento de erro", disse ele. "Eu acho que posso conseguir 2 por cento." A instrumentação moderna, bem como medições mais precisas das posições das estrelas, deve ajudar a refinar as medidas necessárias para replicar a experiência de Eddington, desta vez, ele acrescentou.
Bruns está escolhendo um local de alta altitude em Wyoming, onde o céu é mais claro para observar o eclipse. E para certificar-se que seu telescópio seja tão preciso quanto possível, ele pretende estabilizar a montagem de seu telescópio através do estabelecimento de uma laje de concreto no dia anterior. "Nós colocamos um pouco de cimento de secagem rápida", disse ele. A laje também irá ajudar a garantir que sua montagem está absolutamente nivelada.
E Bruns não está sozinho. Richard Berry, o ex-editor-chefe da Astronomy Magazine, estará usando seu observatório construído em casa (conhecido como Alpaca Meadows Observatory) para replicar a experiência de Eddington de Lyons, Oregon.
"Estou trabalhando em coordenação com Toby Dittrich do Portland Community College e um grupo de quatro estudantes de física", disse ele ao LiveScience em um email. "Toby estará na costa do Oregon, e um dos estudantes estará na parte oriental, na Star Party Oregon. Uma vez que eu moro na linha central [o caminho da totalidade], precisarei apenas de um ou dois dos estudantes e tomarei imagens para o experimento."
Berry tomou imagens espectrográficas da coroa solar antes, mas esta experiência é mais difícil, porque envolve tomar uma imagem do campo de estrelas no qual Sol está localizado e outra quando o Sol não está lá, o que exige uma medição muito precisa das posições estelares quando o Sol estiver lá durante o eclipse.
Há também um elemento de divulgação para replicar a experiência, disse Rachel Freed, uma consultora científica na Universidade Estadual de Sonoma em Rohnert Park, Califórnia. "Tem havido um movimento maciço para aumentar a conscientização", disse ela, à luz do eclipse de Agosto, sendo visível através dos Estados Unidos. O departamento de Educação e Sensibilização do Público de Sonoma State tem um site que descreve como os astrônomos amadores podem participar no evento, e quais equipamentos eles devem usar para ver o eclipse.
Bradley Schaefer, professor de astronomia na Universidade Estadual de Louisiana, em Baton Rouge, detalhou o equipamento que os astrônomos amadores vão precisar fazer uma versão moderna da experiência de Eddington. No site da Schaefer, ele diz que é possível que os astrônomos amadores modernos usem o equipamento off-the-shelf e terem uma precisão muito melhor do que Eddington teve há quase um século atrás. De acordo com o site, seu objetivo é fazer com que muitas pessoas estejam envolvidas, porque mais medições significa melhor precisão e exatidão. Nesse sentido, os astrônomos amadores poderiam fazer algumas contribuições reais para a ciência durante o próximo eclipse solar.
Para os que não residem nos EUA, ainda vale a pena observar o eclipse, mesmo sem qualquer equipamento.
LEMBRE-SE: Olhando diretamente para o Sol, mesmo quando ele estiver parcialmente coberto pela lua, pode causar sérios danos aos olhos ou cegueira. NUNCA olhe para um eclipse solar parcial, sem a proteção adequada para os olhos. Aqui você pode ver algumas dicas de observação segura do eclipse.
Saiba mais sobre o eclipse parcial de 21 de agosto de 2017.
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