Cometa descoberto pelo brasileiro Pedro Bernardinelli, astrônomo da
Universidade de Washington, tem um diâmetro de aproximadamente 130 km e
está vindo em direção do Sistema Solar.
Sequência de fotos mostra como o tamanho núcleo do Cometa foi calculado.
— Foto: NASA, ESA, Man-To Hui (Macau University of Science and
Technology), David Jewitt (UCLA)/Alyssa Pagan (STScI)
A descoberta
O Cometa C/2014 UN271 foi descoberto por acaso por Bernardinelli, em
2010. A descoberta foi confirmada pelo seu orientador de doutorado, Gary
Bernstein, da Universidade da Pensilvânia. O cometa, apropriadamente, foi chamado
de (Bernardinelli-Bernstein).
A descoberta foi publicada em um novo estudo, onde astrônomos usaram o Telescópio Espacial Hubble para confirmar que
o centro sólido do cometa gigante C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein) é
o maior núcleo de cometa já detectado. Ele mede 50 vezes maior do que a
maioria dos cometas conhecidos e está vindo em nossa direção a 35.400 quilômetros por hora da borda
do Sistema Solar.
A boa notícia é que, felizmente, o cometa nunca chegará a menos de 1,5
bilhão de quilômetros do Sol, quando ele atingir o seu
periélio, pouco mais distante da Terra do que Saturno. Esta aproximação
ocorrerá em 2031.
Os cometas estão entre os objetos mais antigos do
sistema solar e são
corpos gelados que foram lançados sem cerimônia para fora do Sistema Solar
como em um jogo de pinball gravitacional entre os planetas exteriores
massivos, disse David Jewitt, professor de ciência planetária e astronomia
da UCLA, coautor do novo estudo do cometa publicado no Astrophysical Journal
Letters. Os cometas despejados passaram a residir na nuvem de Oort, um vasto
reservatório de cometas distantes que circundam o sistema solar por muitos
bilhões de quilômetros no espaço profundo, completou Jewitt.
“Este cometa é literalmente a ponta do iceberg de muitos milhares de
cometas que são muito fracos para serem vistos nas partes mais distantes do
sistema solar”, disse Jewitt. "Sempre suspeitamos que este cometa tinha que
ser grande porque é muito brilhante, mesmo a uma distância tão grande. Agora
confirmamos que é."
O cometa Bernardinelli-Bernstein também tem o maior núcleo já visto em um cometa pelos astrônomos. Jewitt e
seus colegas determinaram o tamanho de seu núcleo usando o Telescópio
Espacial Hubble da NASA. Sua massa é estimada em 500 trilhões de
toneladas, cem mil vezes maior que a massa de um cometa típico encontrado
muito mais perto do sol.
"Este é um objeto incrível, dado o quão ativo é quando ainda está tão longe
do sol", disse o principal autor Man-To Hui, que obteve seu doutorado na
UCLA em 2019 e agora está na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau
em Taipa, Macau. "Achamos que o cometa poderia ser bem grande, mas
precisávamos dos melhores dados para confirmar isso."
Assim, os pesquisadores usaram o Hubble para tirar cinco fotos do cometa em
8 de janeiro de 2022 e incorporaram observações de rádio do cometa em suas
análises.
O desafio em medir este cometa era como determinar o núcleo sólido da
enorme coma empoeirada – a nuvem de poeira e gás – que o envolvia. O cometa
está atualmente muito longe para que seu núcleo seja visualmente observado
pelo Hubble. Os dados do Hubble mostram apenas um pico de luz brilhante na
localização do núcleo. Hui e seus colegas fizeram um modelo de computador do
coma circundante e o ajustaram para caber nas imagens do Hubble. Então, eles
subtraíram o brilho da coma, deixando para trás o núcleo.
Hui e sua equipe compararam o brilho do núcleo com observações de rádio
anteriores do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, ou ALMA, no
Chile. As novas medições do Hubble estão próximas das estimativas de tamanho
anteriores do ALMA, mas sugerem de forma convincente uma superfície do
núcleo mais escura do que se pensava anteriormente.
"É grande e mais preto que carvão", disse Jewitt.
Comparação do tamanho do núcleo do cometa. (NASA/ESA/Zena Levy,
Stacci)
A origem do megacometa
O cometa está caindo em direção ao Sol há mais de 1 milhão de anos.
Acredita-se que a nuvem de Oort seja o local de nidificação de trilhões de
cometas. Jewitt acha que a nuvem de Oort se estende de algumas centenas de
vezes a distância entre o sol e a Terra até pelo menos um quarto da
distância das estrelas mais próximas ao nosso sol, no sistema Alpha
Centauri.
Os cometas da nuvem de Oort foram lançados para fora do sistema solar
bilhões de anos atrás pela gravitação dos massivos planetas externos, de
acordo com Jewitt. Os cometas distantes viajam de volta ao Sol e aos
planetas apenas se suas órbitas forem perturbadas pelo puxão gravitacional
de uma estrela que passa, disse o professor.
Esta hipótese foi levantada pela primeira vez em 1950 pelo astrônomo
holandês Jan Oort, entretanto, a nuvem de Oort ainda permanece uma hipótese
pois os cometas que a compõem são muito fracos e distantes para serem
observados diretamente. Isso significa que a maior estrutura do Sistema
Solar é praticamente invisível, disse Jewitt.
O cometa está agora em uma órbita elíptica, a menos de 3 bilhões de
quilômetros do Sol, e em alguns milhões de anos, ele retornará ao seu
local de nidificação na nuvem de Oort, disse Jewitt. Neste meio tempo,
teremos a oportunidade de observar o megacometa e aprender mais sobre
estes astros errantes.
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