Pseudociências criacionistas e os limites da ciência - Mistérios do Universo

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21 de agosto de 2015

Pseudociências criacionistas e os limites da ciência

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Não é de hoje que os adeptos do criacionismo e suas vertentes modernas tais como o Projeto Inteligente ou Design Inteligente ou até mesmo o Criacionismo Científico, tentam refutar a Teoria da Evolução, Teoria do Big Bang, entre outras, muitas vezes com um claro objetivo de criticar e menosprezar o pensamento científico por trás dessas teorias que ainda se encontram sob um pilar firme de falseabilidade, porém, para a infelicidade dos criacionistas, tais teorias afrontam, mesmo que sem querer, algumas ideias bíblicas da criação. 

O trecho abaixo, retirado do Livro de Ouro da Evolução, sintetiza a situação e explica qual a posição da ciência em relação à toda essa polêmica:


"Incapazes de montar um argumento científico eficiente, os defensores do Projeto Inteligente e das formas mais antigas de criacionismo recorrem à retórica. Eles afirmam, por exemplo, que a evolução é na verdade uma ideologia, nascida de um culto ao naturalismo, que afirma que Deus não tem função no universo e que os eventos possuem apenas causas naturais. Os darwinistas “aderiram ao mito a partir do interesse próprio e do desejo de eliminar Deus”, escreve Phillip Johnson, um professor de direito e criacionista confesso. Johnson afirma que os biólogos evolutivos se recusam a considerar a possibilidade de que uma intervenção sobrenatural tenha influenciado o universo e estão cegos diante das fraquezas da evolução. Em uma audiência justa – na qual a intervenção divina pudesse ser considerada uma explicação possível para a história da vida –, Johnson afirma que o criacionismo venceria.


No entanto a ciência, tome ela a forma da química, da física ou da biologia evolutiva, só pode explicar as regularidades do mundo. Se deus mudasse a massa do próton a cada manhã, seria impossível para os físicos fazer qualquer previsão sobre como os átomos funcionam. O método científico não afirma que os acontecimentos só podem ter causas naturais, mas que as únicas causas que podemos entender, cientificamente, são as naturais. E por mais poderoso que possa ser o método científico, ele é mudo a respeito de coisas além de sua área. Forças sobrenaturais estão, por definição, acima das leis da natureza e assim estão além do objetivo da ciência.

Johnson e outros criacionistas dirigem sua fúria contra a biologia evolutiva, mas na verdade estão atacando todos os ramos da ciência. Quando os microbiólogos estudam um surto de tuberculose resistente, eles não pesquisam a possibilidade de que seja um ato de deus. Quando os astrofísicos tentam determinar a sequência de eventos pela qual uma nuvem primordial condensou-se em nosso sistema solar, eles não desenham simplesmente uma caixa-preta entre a nuvem e os planetas formados e escrevem dentro dela: “Aqui aconteceu um milagre.” Quando os meteorologistas não conseguem prever o rumo de um furacão, eles não afirmam que deus tirou a tormenta do seu curso.

A ciência não pode simplesmente entregar o desconhecido na natureza ao divino. Se o fizer, não restará ciência alguma. Como diz o geneticista Jerry Coyne, da Universidade de Chicago, “se a história da ciência nos mostra alguma coisa, é que não vamos à parte alguma chamando nossa ignorância de ‘Deus’”.



A “ciência da Criação” não influencia de modo algum a forma como os cientistas praticantes estudam a história da vida. Os paleontólogos continuam a descobrir fósseis importantes para o nosso entendimento de como os humanos, as baleias e outros animais surgiram. Os biólogos desenvolvimentistas continuam a listar a sinfonia dos genes construtores de embriões para entender como aconteceu a explosão cambriana. Os geoquímicos continuam a descobrir pistas isotópicas sobre quando a vida apareceu pela primeira vez na Terra. E os virologistas continuam a descobrir estratégias que vírus, como o HIV, usam para vencer seus hospedeiros. Para todos eles a biologia evolutiva, e não o criacionismo, permanece sendo a fundação de seu trabalho.

No entanto, apesar de seu fracasso como ciência, os criacionistas continuam tentando, tão tenazmente como sempre, obter o controle do modo como as escolas públicas americanas ensinam ciência. [...]"


Fonte: ZIMMER, Carl. O Livro de Ouro da Evolução. Traduzido por Jorge Luis Calife. Rio de Janeiro: Ediouro. p.520-522, 1998.

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