Sabe aquela frase “mantenha seus amigos próximos, mas seus
inimigos mais próximos ainda?”. Esqueça esse
conselho enquanto estivermos falando sobre buracos
negros. Eles são os piores inimigos que você poderia ter, e, sério, você
vai querer que eles estejam o mais longe quanto possível.
Estamos falando de regiões do espaço onde a matéria é
comprimida tão densamente que a única maneira de escapar seria viajando mais rápido que a velocidade da luz.
Logo, não há escapatória.
Aproxime-se demais de um buraco negro e você será tragado por
ele, comprimido além da compreensão, talvez em um ponto infinitamente pequeno.
Mesmo que razoavelmente distante de um objeto desses, você ainda pode ser
atingido ou influenciado por sua força. Sua gravidade, imponente, estende-se
por vários anos-luz espaço afora, muito além da área onde está inserido.
Se um desses passasse de encontro com nosso Sistema Solar,
causaria muitos, muitos estragos, além de bizarras alterações de comportamento
orbital dos nossos preciosos planetas.
Próximos demais, o Sol e tudo que há em seu entorno seriam
devorados, esmagados ou arremessados para fora do Sistema Solar graças à força
gravitacional implacável do objeto.
Buracos negros são indestrutíveis.
Qualquer coisa que você tentar fazer à ele apenas o tornará maior, mais forte e
mais irritado. Sua única esperança é esperar longas eras, num curso de milhões
à bilhões de anos, para que eles evaporem.
Logo, faz muito sentido rastrear e acompanhar todos os
buracos negros ativos lá fora, para o caso de se fazer necessário uma (tentativa)
de evacuação às pressas do Sistema Solar.
Onde se encontram os buracos negros mais próximos da Terra?
Existem dois tipos de buracos negros lá fora: os supermassivos no centro de cada galáxia
e os de massa estelar formados
quando estrelas muito massivas morreram em uma supernova.
Os
supermassivos são relativamente simples. Há um deles no coração de quase todas
as galáxias existentes no Universo. Um
na Via Láctea, 27 mil anos-luz de nós. Um em Andrômeda, distante 2,5
milhões de anos-luz daqui e assim por diante. Os supermassivos estão muito
distantes da nossa vizinhança estelar local e não representam qualquer ameaça
para nós, pelo menos pelos próximos centenas de milhões de anos.
Impressão artística mostra o entorno do buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia ativa NGC 3783.
Já os buracos negros de massa estelar podem se tornar um
problema para nós.
Eis o problema: buracos negros não emitem radiação, são
completamente invisíveis; não há uma maneira fácil de vê-los no céu. A única
maneira de detectá-los seria se estivéssemos próximos o suficiente para
observar a luz das estrelas de fundo sendo distorcidas por sua atração
gravitacional. O problema é que, se próximos demais de um monstro desses,
seríamos mortos – e, antes disso, compactados, triturados e devorados por sua
força, como você já sabe.
O buraco negro mais próximo que conhecemos é V616 Monocerotis, também conhecido como
V616 Mon. Ele está localizado a cerca de 3000 anos-luz de distância, e tem
entre 9-13 vezes a massa do Sol. Sabemos que o buraco está lá porque no sistema
binário que faz parte, sua estrela parceira (que possui metade da massa do Sol)
gira extremamente rápido em torno dele. Apenas um buraco negro poderia fazer um
agito orbital de um parceiro binário tão rapidamente. Os astrônomos não podem
ver diretamente o objeto, mas conseguem detectá-lo a partir da dança
gravitacional que o(s) astro(s) fazem em torno dele.
O
segundo mais próximo é o famoso Cygnus X-1, que está a cerca de 6000 anos-luz
da Terra. Tem cerca de 15 vezes a massa do Sol e, mais uma vez, encontra-se em
um sistema binário.
Impressão artística de Cygnus X-1, um buraco negro
de massa estelar em um sistema binário.
E adivinhe só? O terceiro buraco mais próximo também está em um sistema
binário.
Enxergou o problema aqui? A maior parte dos buracos negros
descobertos estão localizados em pares binários com outras estrelas, ficando
fácil reconhece-los. Mas e quanto aos outros monstros que estão vagando pelo
espaço solitariamente, como detecta-los? É provável que exista buracos mais
próximos do que V616 Mon que ainda não detectamos.a
Isso soa muito ruim, é verdade, mas, graças as leis da Física
(sempre elas), a ocorrência de novos buracos negros são incrivelmente raras.
O Sistema Solar existe há mais 4,5 bilhões de anos, com os
planetas girando em suas órbitas regulares desde o início desse período, sem
interrupções. Se um buraco negro tivesse passado à algumas dezenas de anos-luz
daqui, teria desarrumado e confundido as órbitas planetárias significantemente,
desfazendo qualquer probabilidade de vida tal qual conhecemos hoje no processo.
Do pontapé inicial do Sistema Solar aos dias atuais, isso jamais ocorreu. E
pelos cálculos de estudiosos do assunto, não deve ocorrer por mais 4,5 bilhões
de anos.
Respiremos
aliviados.
Fonte: Universe Today
* Parceria com o portal Acervo Ciência.
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