A tempestade de meteoros Tau Herculídeas, uma das maiores da história, será visível na madrugada de 30 para 31 de maio com uma taxa entre 10.000 a 100.000 meteoros por HORA!
APRESENTANDO O COMETA 73P
A história começa com um cometa chamado 73P/Schwassmann-Wachmann 3 (cometa SW3 para abreviar). Visto pela primeira vez em 1930, é responsável por uma fraca chuva de meteoros chamada Tau Herculídeas, que hoje em dia parece irradiar de um ponto a cerca de dez graus da brilhante estrela Arcturus.
Em 1995, o cometa SW3 de repente e inesperadamente iluminou. Vários surtos foram observados ao longo de alguns meses. O cometa se fragmentou catastroficamente , liberando enormes quantidades de poeira, gás e detritos.
Em 2006 (duas órbitas depois), o cometa SW3 se desintegrou ainda mais, em vários fragmentos brilhantes acompanhados por muitos pedaços menores.
A TERRA ESTÁ EM ROTA DE COLISÃO?
Este ano, a Terra cruzará a órbita do cometa SW3 no final de maio.
A modelagem computacional detalhada sugere que os detritos estão se espalhando ao longo da órbita do cometa como enormes tentáculos finos no espaço.
Os detritos se espalharam o suficiente para encontrar a Terra? Depende da quantidade de detritos ejetados em 1995 e da rapidez com que esses detritos foram lançados para fora quando o cometa se desfez. Mas os pedaços de poeira e detritos são tão pequenos que não podemos vê-los até nos depararmos com eles. Então, como podemos ter uma visão do que pode acontecer na próxima semana?
A HISTÓRIA PODE SE REPETIR?
Nossa compreensão atual das chuvas de meteoros começou há 150 anos com um evento bastante semelhante à história do SW3.
Um cometa chamado cometa 3D/Biela foi descoberto em 1772. Era um cometa de curto período, como SW3, retornando a cada 6,6 anos.
Em 1846, o cometa começou a se comportar de forma estranha. Observadores viram sua cabeça se dividir em duas, e alguns descreveram um "arco de matéria cometária" entre as peças.
No retorno seguinte do cometa, em 1852, os dois fragmentos haviam se separado claramente e ambos estavam flutuando imprevisivelmente em brilho.
O cometa nunca mais foi visto.
Mas no final de novembro de 1872, uma inesperada tempestade de meteoros enfeitou os céus do norte, surpreendendo os observadores com taxas de mais de 3.000 meteoros por hora.
A tempestade de meteoros ocorreu quando a Terra cruzou a órbita 3D/Biela: foi onde o próprio cometa deveria estar dois meses antes. Uma segunda tempestade, mais fraca que a primeira, ocorreu em 1885, quando a Terra encontrou mais uma vez os restos do cometa.
3D/Biela se desintegrou em escombros, mas as duas grandes tempestades de meteoros que produziu serviram como um rastro adequado.
Um cometa moribundo, caindo aos pedaços diante de nossos olhos, e uma chuva de meteoros associada, geralmente quase imperceptível contra o ruído de fundo. Estamos prestes a ver a história se repetir com o cometa SW3?
E QUANTO ÀS TAU HERCULÍDEAS?
A principal diferença entre os eventos de 1872 e os Tau Herculídeas deste ano se resume ao momento em que a Terra cruza as órbitas cometárias. Em 1872, a Terra cruzou a órbita de Biela vários meses após o nascimento do cometa, percorrendo o material que ficava atrás de onde o cometa estaria.
Por outro lado, o encontro entre a Terra e o fluxo de detritos do SW3 na próxima semana acontece vários meses antes do cometa chegar ao ponto de cruzamento. Portanto, os detritos precisam ter se espalhado à frente do cometa para que ocorra uma tempestade de meteoros.
Os detritos poderiam ter se espalhado o suficiente para encontrar a Terra? Alguns modelos sugerem que veremos uma forte exibição da chuva, outros sugerem que os detritos ficarão aquém.
Os cálculos mostram que a Terra cruzará a órbita do SW3 por volta das 2 da manhã (horário de Brasília) do dia 31 de maio. Se os detritos chegarem longe o suficiente para que a Terra os encontre, é provável que haja uma explosão dos Tau Herculídeas mas durará apenas uma ou duas horas.
Da Austrália, o espetáculo (se houver um) terminará antes que esteja escuro o suficiente para ver o que está acontecendo.
Observadores na América do Norte e do Sul terão, no entanto, um assento ao lado do ringue.
Eles são mais propensos a ver uma exibição moderada de meteoros em movimento lento do que uma enorme tempestade. Isso seria um ótimo resultado, mas pode ser um pouco decepcionante.
No entanto, há uma chance de o chuveiro apresentar uma exibição verdadeiramente espetacular. Os astrônomos estão viajando pelo mundo, apenas por precaução.
COMO OBSERVAR OS METEOROS?
Para observar uma chuva de meteoros, não é necessário nenhum equipamento especial, apenas procure um local confortável como uma cadeira de praia ou uma "preguiçosa", separe um lanche e tenha paciência para observar os meteoros no céu. Procure não utilizar nenhuma luz artificial e procurar locais escuros, de preferência longe das luzes da cidade.
Segundo o site da BRAMON (Rede Brasileira de Obsevação de Meteoros), os melhores horários para observar a tempestade é por volta da 00h11 (Horário de Brasília) do dia 31 de maio, quando a Terra atravessará as trilhas de detritos deixadas pelo Cometa 73P em 1892 e 1941. Para este surto, são esperados até 50 meteoros por hora. O segundo surto ocorrerá provavelmente próximo às 2:05 (Horário de Brasília) cuja taxa poderá chegar até 10.000 a 100.000 meteoros por hora, dependendo da localização. Recomenda-se esperar até às 3 da madrugada do dia 31 para ter mais chances de observar mais meteoros.
Taxa horária de meteoros para cada região do país considerando o melhor cenário (100 mil meteoros por hora) – Créditos: BRAMON
PARA ONDE OLHAR?
TRANSMISSÃO AO VIVO
Para quem não quer se aventurar fora de casa, a partir das 23:00h do 30 de maio, a BRAMON irá realizar uma grande live, com câmeras especiais mostrando ao vivo a atividade de meteoros e com comentários dos especialistas:
Bons céus a todos!
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Graduado em Física pela UEPB. Mestre em física com ênfase em Cosmologia pela UFCG. Possui experiência na área de divulgação científica com ênfase em astronomia, astrofísica, etnoastronomia, astrobiologia, cosmologia, biologia evolutiva e história da ciência. Possui experiência na área de docência em informática e Física. Artista plástico. Fundador do Projeto Mistérios do Universo. Membro da Associação Paraibana de Astronomia e da Sociedade Astronômica Brasileira. Pai, nerd, colecionador, aficionado pela arte, por livros, pela ciência, pela astronomia e pelo Universo.
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